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Entrevista com a bolsista Alícia Bastos, ganhadora do prêmio de extensão "Maria Theresinha do Prado Valladares"

Na aba “Entrevista” do nosso blog recebemos a bolsista Alícia Bastos que recebeu o prêmio de extensão “Maria Theresinha do Prado Valladares” pelo projeto que desenvolve no LPPE.


A Alícia é nossa bolsista há 5 anos e sempre se destacou por sua iniciativa, desenvoltura e capacidade de trabalhar com a divulgação científica.

O projeto de extensão da Alícia está sob a orientação das professoras Angela Roberti e Alexandra Tedesco.

No dia 12 de maio, ocorreu a Cerimônia de Premiação da UERJ SEM MUROS (2024), e temos muito orgulho em afirmar que nosso Laboratório mais uma vez ganhou destaque, por meio de muito trabalho e por meio de muitas pessoas que acreditam no que fazemos.


Diante disso, realizamos uma curta entrevista com a nossa bolsista, confira:


Ingrid Ladeira: O que significa a extensão universitária para você?

Alícia Bastos: A extensão universitária, para além do sentido conceitual, que a coloca como uma das bases do tripé universitário brasileiro (juntamente com a pesquisa e o ensino), é uma oportunidade de fluir. Quando eu penso na extensão, eu penso em uma ponte, mas também penso em fluidez. Porque a extensão se coloca neste lugar de trânsito, de troca, de conversa e de construção. Trata-se de um movimento integrador que combina tanto as pesquisas acadêmicas quanto as demandas sociais, possibilitando diálogos e produzindo conhecimento a partir desse encontro. E é muito rico, muito mesmo. Pessoalmente, a extensão também foi uma forma de me encontrar muito mais na academia, porque eu nunca me vi muito nesse lugar de pesquisadora, unicamente. Eu me via como professora (claro que professores precisam estudar e se capacitar, mas a parte mais emocionante do trabalho, para mim, era justamente a troca). E então, a extensão universitária se apresentou para mim, e eu posso dizer que me apresentei a ela. 


IL: O que faz um bolsista de extensão?

AB: O bolsista de extensão precisa participar ativamente do projeto ao qual está vinculado. Basicamente, atuando na construção desse caminho e desse elo entre a academia e a comunidade. Nós utilizamos nossos conhecimentos adquiridos na graduação e também o que aprendemos na orientação da própria coordenação, responsável pelo projeto de extensão, para iniciar os trabalhos. De forma mais prática, posso dizer que trabalhamos com planejamento e execução (desenvolvimento de materiais de apoio pedagógico, propostas de eventos, estruturação de iniciativas/oficinas e afins), além disso, nos pautamos na interação com a comunidade externa. É imprescindível que o bolsista de extensão seja uma pessoa atenta e de escuta ativa para compreender o que está acontecendo no mundo, na escola, o que as pessoas estão pensando, para realizar um trabalho coerente e de qualidade. Também trabalhamos com divulgação e comunicação, que é uma das partes fundamentais do trabalho, porque precisamos mostrar o que estamos fazendo na Universidade, como forma de valorizar a ciência em nosso país, mas também convidando as pessoas para se aproximarem mais dela e da própria academia. A ideia é democratizar o espaço e o saber. Existem outras funções também, que estão implícitas, como os registros e relatórios para poder aperfeiçoarmos o trabalho, e a própria pesquisa necessária para as produções, que é fundamental. Por fim, também nos apresentamos bastante em seminários para discutir sobre o trabalho. 


IL: Quais são as principais características do seu projeto de extensão?

AB: O meu projeto de extensão se destaca pela sua amplitude, pela abrangência, em vários sentidos. Essas com certeza são as principais características dele. Mas explicando a minha afirmação, é necessário pensarmos na própria historicidade do projeto: ele nasceu junto com o LPPE, em 2002. As primeiras iniciativas vinculadas ao Projeto de Extensão do LPPE, empreendidas pela Professora Edna Maria dos Santos - uma das fundadoras do Laboratório, já demarcam esse caráter amplo, e eu acrescento interdisciplinar e tecnológico: o LPPE produzia e distribuía materiais em escolas públicas do Rio de Janeiro, em formato de CD-ROM. Alguns desses materiais, inclusive, nós conseguimos recuperar, remodelar e ancorar em nosso site. Eu consegui um exemplar de um dos CD 's, que contava a história dos Escritores Angolanos, para a minha apresentação na Mostra de Extensão 2024 e as pessoas ficaram encantadas. Foi importante conseguir mostrar isso porque é essencial valorizar essas raízes, honrar todos aqueles que vieram antes de mim e que trabalharam bastante pela extensão e pelo Laboratório. Hoje, posso dizer que seguimos a linha da amplitude e da abrangência, porque o LPPE tem crescido absurdamente na universidade, mas me refiro, sobretudo, ao nosso leque de produções, de trabalhos, de linhas de pesquisa e de alcance mesmo. Trabalhamos com: História das Mulheres (Mulheres no Mundo), História da Historiografia Brasileira (Notas sobre Historiadoras), Biografias e a questão étnico-racial (Peles e Prosa: por uma história libertadora), História Indígena (Caminhos de Abya Yala), Ditadura Militar (LPPE nos 60 anos do Golpe de 1964), História da América Latina (Em Memória da América Latina), Literatura (Literatura e História no Vestibular), Anarquismo (Militantes Libertários e Libertárias), História Intelectual (Contrafogos), Ensino de História (Fala, Prof), são alguns exemplos... E em formatos distintos e mais variados, como vídeos, podcasts, publicações textuais, publicações voltadas para a linguagem das redes sociais e afins. Porque há essa preocupação real de atingir o público, de trazer as pessoas. Essa dimensão amplificada da extensão do LPPE, que é muito característica, podemos observar inclusive, nas interações das pessoas, que dialogam conosco de diferentes partes do Brasil e do mundo. Seja ouvindo os podcasts, seja enviando trabalhos para publicarmos... É um projeto imenso. E claro, só é possível porque existem muitas pessoas trabalhando juntas, com o mesmo propósito. Por exemplo, eu não trabalhei em todas as partes de todos os trabalhos comentados acima, mas fiz questão de nomeá-los para que as pessoas pesquisem ao terminarem de ler a entrevista. Então, posso finalizar, destacando que a pluralidade e a parceria também são algumas das principais características do meu projeto de extensão. 


IL: Qual a contribuição do LPPE na sua trajetória acadêmica? 

AB: Posso afirmar com toda certeza que sou muito grata ao LPPE por tanto aprendizado e por ter conhecido pessoas e profissionais maravilhosos. É um privilégio ter tido a oportunidade de estar em um lugar que te ajuda a crescer, verdadeiramente. Enquanto historiadora e professora, pude aprender, no LPPE, a ouvir de forma mais atenta, a negociar pelo que acredito, a desenvolver autonomia e o trabalho em equipe. Além de ser instigada e provocada a sempre querer melhorar a qualidade do trabalho. Aprendi o significado de "entrega" e pude amadurecer bastante. Me ensinaram, no Laboratório, a pesquisar e me destravei com relação a isso (sempre foi uma insegurança gigante minha). E claro que isso são coisas que não levo em consideração apenas em minha trajetória acadêmica, como trago para a minha vida. 

Eu me lembro que, no começo, eu tinha muito entusiasmo e fui conhecendo as ferramentas e o jeito de fazer as coisas. Uma pessoa que me ensinou muito e que investiu pesadamente em mim foi a Drª Jacqueline Ventapane, e eu tenho uma imensa gratidão e carinho por ela, por todo apoio que me deu e por sempre acreditar em mim. Semelhantemente, agradeço a Profª Drª Angela Roberti e a Profª Drª Alexandra Tedesco, que são as coordenadoras do projeto de Extensão, e sempre se colocam à disposição para me orientar, me ensinar, me ouvir e alinhar tudo comigo com toda a paciência e consideração. São mulheres que eu admiro e mulheres em que me espelho bastante, porque são fortes, decididas, competentes, cientistas, intelectuais. São exemplos importantes para mim. 

Também agradeço a todos os professores vinculados ao Laboratório, que compartilham seus conhecimentos e sempre se dispõem a nos orientar, e aos meus colegas bolsistas, com quem sempre tive muitas trocas importantes e valiosas.

Evidentemente, aprendi muito acadêmica e tecnicamente falando, mas gostaria de destacar, por fim, o aprendizado enquanto humana: sempre irei ressaltar a importância das relações que estabelecemos ao longo do caminho, porque isso é o que dá significado ao trajeto. 


Legenda da Imagem: Alícia Bastos e Arthur Bernardo (outro ganhador do prêmio da Semana de Graduação) na porta da sala do LPPE, 9023B.

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